segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"ELES TENTARAM EXTERMINAR OS JUDEUS ..."

"AS TRÁGICAS MARCAS DO ANTI-SEMITISMO NA HISTÓRIA"

                                                                      Por Tav Rosh Benyakóv
Anti-semitismo é uma expressão moderna que define o mais antigo tipo de intolerância e violência político-religiosa: o racismo, preconceito e perseguição aos judeus. Durante quase 4 mil anos, sob diferentes formas e argumentos, sempre houve quem tentasse exterminá-los da face da Terra. Mas por quê?
Reza a tradição que por volta de 1700 a.e.c, cerca de 70 hebreus, descendentes de Avraham, Itzchak e Iakóv foram morar no Egito, onde tornaram-se mais ricos e prósperos que os próprios egípcios. Faraó, com medo de ser dominado, começou a afligi-los severamente: redobrou a carga de trabalho, ordenou que matassem todo filho homem durante o parto e que os já nascidos fossem lançados ao rio... marcando o trágico início do anti-semitismo.
Sob a liderança de Moisés, cerca de 600 mil judeus, sem contar mulheres e crianças, foram libertados dos 430 anos de escravidão e sofrimento. Viveram 40 anos de peregrinação pelo deserto, passando por sucessivas guerras com outros povos... Finalmente se estabeleceram na Terra-Prometida, em Jerusalém, durante 4 séculos, onde instituíram a monarquia e conseguiram grande prosperidade através dos reinos de Davi e Salomão.
Por volta de 605 a.e.c, a Cidade Santa foi arrasada pelo Império Babilônico: Nabucodonozor saqueou todo o ouro, destruiu o Templo e levou o povo judeu como escravo... Depois de 70 anos de cativeiro, com a dominação do Império Persa, cerca de 50 mil judeus retornaram a Jerusalém para reconstruí-la e ali também permaneceram sob o Império Macedônio de Alexandre, o Grande.
Com o domínio dos Ptolomeus, muitos judeus foram levados para o Egito... Mas Jerusalém veio ser arrasada pelos selêucidas: saquearam a cidade, mataram os judeus, escravizaram mulheres e crianças, destruíram manuscritos da Tanach (Antigo Testamento), proibiram o culto a Deus, impuseram a aculturação helenística... Isto gerou a Revolta dos Macabeus: com 10 mil judeus, Judas conseguiu derrotar 50 mil guerrilheiros selêucidas, e depois 65 mil, conquistando a independência de Jerusalém e a purificação do Templo. A Cidade Santa voltou a prosperar e ficou totalmente livre entre 142 a.e.c até 63 a.e.c.
Em maio de 66 d.e.c os romanos resolveram acabar com as revoltas judaicas e Tito iniciou um cerco de 5 meses a Jerusalém: crucificaram multidões de judeus, formando uma vasta floresta de cruzes ao redor da cidade; abriram o ventre deles à espada, procurando supostas moedas de ouro; a peste e a fome exterminaram outras centenas deles; e ao serem destruídas a cidade e o Templo, havia mais de 1 milhão de mortos...
            Desde o Imperador Nero (54 d.e.c a 68 d.e.c.) até Diocleciano (284 d.e.c a 305 d.e.c), os judeus sofreram 10 grandes perseguições romanas: a cada ataque eram costurados em peles de animais selvagens e lançados aos cães para serem devorados; jogados aos leões; encharcados de cera inflamável e atados aos postes como tochas humanas... Na última perseguição, em 23 de fevereiro de 305 d.e.c, o povo judeu teve orelhas e narizes cortados, os olhos direitos arrancados, membros inutilizados, corpos queimados a ferro, e suas riquezas confiscadas...
Jesus, Maria, os apóstolos e os primeiros mártires cristãos eram judeus. A Bíblia foi toda escrita por eles. O Cristianismo era uma espécie de seita judaica, que nasceu em Israel... E Herodes, o governador romano, havia sido o primeiro a tentar exterminar Jesus, fazendo com que milhares de meninos judeus morressem. No entanto, somente em 313 d.e.c, num estratégico ato de usurpação religiosa, o imperador romano, Constantino, oficializou o Cristianismo em Roma, tornando-se o supremo mediador entre Deus e os homens...
Em 380 d.C., o tirano imperador Teodósio também forjou sua conversão e instituiu a Igreja Católica Apostólica Romana como religião oficial, assumindo o seu controle para exercer a dominação ideológica, a apropriação de riquezas e a expansão política do império... Ou aceitava-se passivamente o cristianismo ou tornava-se mártir, levando milhares de judeus às trágicas torturas e às fogueiras da Santa Inquisição: pequenas labaredas até a altura dos joelhos, onde eram lentamente assados, por 3 ou 4 horas, até que morressem...
Em 632 d.e.c, Maomé fundou o Islamismo e em 638 d.C os árabes sitiaram a Cidade Santa, onde construíram a Mesquita de Omar no lugar do antigo Templo judaico. Em 1905 o papa Urbano II formou um exército libertador da Terra-Santa para exterminar os muçulmanos: arrastavam judeus e árabes para serem batizados à força, torturando e matando cruelmente os que se recusavam. Até 1291, as 9 cruzadas católicas também incendiaram várias sinagogas em Jerusalém, todas abarrotadas de judeus, pois queriam varrer do mundo os “assassinos do Filho de Deus”. Nesta data os muçulmanos recuperaram a posse da Cidade Santa.
Em 1340 e 50, em mais de 350 cidades, os judeus foram mortos a pauladas, afogados, enforcados... acusados de serem responsáveis pela peste negra que estava dizimando um terço da população européia. Entre 1881 e 1918, no Império Russo, sob influência da Igreja Ortodoxa, as massas alucinadas deram início a um poderoso genocídio denominado “pogrom”, onde exterminavam deliberadamente os judeus: tiravam suas peles e jogavam a carne aos cães; arrancavam mãos e pés até que morressem; rasgavam as crianças pelas pernas; assavam os bebês e obrigavam as mães a comerem; abriam o ventre das mulheres grávidas, arrancavam os e fetos batiam com eles na cara das mães...
A partir de 1933, numa Alemanha nazista e completamente luterana, onde muitos protestantes transformaram suas cruzes em suásticas, Hitler promoveu o mais terrível holocausto: os judeus eram mortos por fuzilamento e na câmara de gás. Até seus óculos, sapatos, roupas, bens pessoais, eram revendidos... Os dentes de ouro de suas bocas eram arrancados para feitura de jóias, seus cabelos utilizados na fabricação de colchões, sua gordura para a produção de sabão... e as cinzas de seus corpos, como estrume. O Dr. Mengele ainda usava judeus vivos como cobaias humanas, fazendo amputação de membros e órgãos, injetando vírus e produtos químicos... 1500 sinagogas foram incendiadas e mais de 6 milhões de judeus, incluindo 2 milhões de crianças, foram executados com requintes de crueldades...
O anti-semitismo, em diferentes nações, impulsionou o movimento sionista e fez com que milhares de judeus fugissem e retornassem às suas origens. Conforme resolução da ONU, em 14 de maio de 1948, no meio do deserto, foi fundado novamente o Estado de Israel. No mesmo dia, sua capital, Tel-Aviv, foi repentinamente atacada por um avião egípcio... Em seguida houve a invasão de 7 países árabes, numa guerra que durou 15 meses. Mesmo assim Israel conseguiu atacar e ampliar seu território em cerca de 50% da área original. Em 1956, veio a repentina Guerra de Suez...
De abril a maio de 1967 surgiu uma nova campanha anti-semita no Oriente Médio... Depois o Egito, Síria, Jordânia, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Sudão e Argélia, num total estimado de 250 mil soldados, 2 mil tanques e 700 aviões de combate, resolveram executar o antigo plano de “varrer Israel do mapa”. Só que Israel antecipou a ofensiva e destruiu quase toda força aérea dos inimigos que ainda se encontrava no solo. No sexto e último dia de disputa, o território de Israel havia triplicado de tamanho. No dia 6 de outubro de 1973, quando comemorava-se um sagrado feriado judaico, denominado Yom Kippur (Dia do Perdão), a coligação formada pelo Egito e Síria atacou Israel de surpresa, dando início à quarta guerra árabe-israelense... E ainda permanecem, quase diariamente, os inumeráveis conflitos gerados entre israelitas, muçulmanos fundamentalistas, terroristas, homens-bombas... que lutam contra o profético estabelecimento do Estado de Israel.
           Atualmente, diz-se que cerca de 50% da economia americana está nas mãos dos judeus, servindo-lhes como escudo. Assim como o fim do conflito árabe-israelense tornou-se de grande relevância econômica para o mundo, devido a sua estratégica localização ao Canal de Suez, na mais importante passagem comercial de três continentes: Europa, Ásia e África, aonde se encontra uma das maiores reservas de petróleo do planeta – o que também coopera para as atuais negociações de paz.
Este “flash-back” sobre o anti-semitismo retrata apenas a pontinha do “iceberg” e, mesmo assim, tem a impactante função de sinalizar que o preconceito, ódio, discriminação  e desrespeito – em quaisquer de suas ramificações, intensidades e tipologias – são gravíssimas doenças sociais capazes até mesmo de dizimar a vida no planeta. Portanto, compete a esta geração aprender a aceitar, incondicionalmente, a identidade psico-sócio-político-econômica de cada ser humano e a seguir a paz com todos, antes que a intolerância nos conduza ao conflito pessoal, ao caos regional, ou à Terceira Grande Guerra. (Acesse também:  http://escritoralef.blogspot.com/)